08/01/2016

Julgamento


Eu sempre julguei as pessoas pela aparência. Na verdade eu sempre julguei as pessoas com aparência muito superior a minha.

Eu sempre me achei e me vi como uma garota estranha. Estranha por ter os cabelos crespos, por ser gordinha, por não usar roupas das últimas tendências, por falar muito baixo, por não conseguir olhar nos olhos das outras pessoas por muito tempo, por não gostar de tirar fotos, por não rir enquanto todos riam, por não usar maquiagem, por não ter amigos na escola, por ter medo das aulas de educação física...Eu sempre me achei estranha por tantas coisas porque eu sempre olhava para as garotas magras de cabelos lisos e saltitantes, sorridentes e lindas para a sociedade. Eu as olhava e pensava: Quem sou eu? Na verdade essa pergunta tinha uma resposta, e a resposta era: Nada. Eu nunca fui nada, eu não fazia e nem faço falta na vida de ninguém. Hoje, meio que sem nada para fazer, procurava por alguma coisa no Instagram e remexendo vi alguém de aparência muito superior a minha, ela é loira e muito popular nas redes sociais,  então resolvi ver o seu Intagram sem pretensão alguma, apenas por uma curiosidade momentânea. E descendo no seu perfil, surgiu uma imagem que me chamou atenção, algo que lembrava Deus, então resolvi ver se havia alguma legenda. De fato havia, e nesta estava escrito coisas que eu jamais imaginara alguém daquele tipo escrever. Lá estava escrito coisas como perdão e agradecimentos à Deus. Além disso, tinha escrito coisas sobre problemas e uma forte solidão que Deus a tinha ajudado a superar. Esse texto me chocou tanto, mais tanto que eu não posso negar que derramei lágrimas, derramei lágrimas por ter me identificado muito com as coisas escritas e porque eu julgara mal aquela pessoa, apenas por ter longos lindos cabelos loiros e por ter aparência muito superior a minha. Sempre julguei as pessoas muito bonitas pela aparência porque eu nunca fui igual a elas e isso sempre me frustou, porque eu sempre achara que elas eram melhores do que eu, por sempre vê-las com tudo, rodeadas de gente e eu não. Julgava por acha-las metidas, arrogantes e prepotentes e por ter medo de me criticarem ou zombarem por eu ser muito diferente delas. Eu sempre generalizei a todas as pessoas assim e vi que não estou certa de julgar as pessoas apenas por não me identificar com a aparência delas. É certo que eu ainda não tenha uma vida regalada como sonhara e nem a aparência dos sonhos, mas isso não faz de mim pior do que as que têm...